Covid-19 – QUE IMPACTO DEVE TER NA AVICULTURA

Covid-19

QUE IMPACTO DEVE TER NA AVICULTURA

 

 

O sector da avicultura, sendo um sector dotado de uma eficiência e verticalização marcada, não pode deixar de funcionar nas actuais circunstâncias. Faz parte das suas competências ter um forte contributo para a alimentação humana, ser uma fatia importante da economia nacional e exercer um papel fundamental na responsabilidade pelo bem-estar animal.

 

Sem haver a produção diária dos alimentos compostos para animais, não haverá alimento para administrar aos animais, o que levará à sua subnutrição e consequente sofrimento. Não basta, inclusive, que o alimento seja produzido, mas também transportado, o que implica que haja uma forma de circulação sanitariamente segura, para humanos e para animais, mesmo através de possíveis bloqueios.

 

Sem haver o abate dos animais nas correctas condições humanas e sanitárias, nos centros de abate adequados e autorizados, iremos correr o risco de ter um atraso na saída dos animais das explorações, pondo em causa o seu correcto alojamento por excesso de densidade animal. Isto terá como consequência uma diminuição drástica na qualidade das condições de vida das aves. Também neste caso importa assegurar a manutenção do funcionamento das unidades autorizadas para o efeito, bem como, mais uma vez, a circulação das viaturas afectas a este trabalho (transporte de aves vivas) mesmo através de barreiras e bloqueios sanitários.

 

Dado que a capacidade de refrigeração e congelação das unidades de abate é limitada, e que a própria população necessita de ser abastecida, importa  assegurar linhas de transporte entre as várias unidades de abate, centros de transformação e entrepostos através de possíveis bloqueios.

 

Para além disto, e dado que o sector avícola é um importante contribuinte para a balança comercial portuguesa, importa também criar as condições para que não se interrompam os circuitos rodoviários intra e extracomunitários de transporte de carne de aves, aves do dia, ovos para incubação, ovos para consumo, entre outros, nem que para isso sejam criadas condições de excepção com a criação, por exemplo, de postos de desinfecção fronteiriços, transportes especiais escoltados, etc.

 

O sucesso do sector avícola baseia-a há muito tempo no estrito cumprimentos de regras de biossegurança, viradas principalmente para o controlo das zoonoses. Assim, com a chegada desta pandemia, algumas das medidas postas em prática pela sociedade civil em geral já eram rotina no sector. Ainda assim, a situação actual é demonstrativa de que é necessária uma constante formação adequada, em contexto laboral, de todos os intervenientes na cadeia. Outra preocupação do sector é a possível ruptura de stocks ou interrupção de fornecimento de produtos ou medicamentos de utilização veterinária, nomeadamente vacinas. O encerramento de fronteiras e levantamento de barreiras sanitárias poderá eventualmente levar a uma diminuição no fornecimento e/ou ruptura de stock nos mercados não produtores ou mais pequenos, em favorecimento dos grandes mercados a nível mundial, e em particular dentro da UE.

 

Uma preocupação do setor passa também pelas pessoas que nele trabalham. Mesmo com muitas medidas implementadas, o fato de terem de se dirigir diariamente aos seus locais de trabalho, traz para elas algum grau de risco de contaminação. A diminuição de trabalhadores por medidas preventivas coloca algum stress nas estruturas. Quarentenas de todos os funcionários de muitos dos níveis do setor poderão levar ao “abandono” de instalações e morte de milhares de animais.